Há cerca de um ano, a ProPublica desenvolveu uma ferramenta para procurar e comparar as localidades e os médicos que mais receitam drogas nos Estados Unidos. Recentemente um dos editores lamentou o fato de muitos usarem a ferramenta para saber quem são os médicos que mais prescrevem opiáceos. O CJR fez um resumo do imbróglio.
[wpvideo dniAuei3]Em 2014, overdoses mataram 47.055 pessoas nos Estados Unidos, mais do que em qualquer outro ano. Desse total, 61% foram associadas a overdose de heroína ou opiáceos.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2013 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), em 2011, 8,8% dos brasileiros com idade entre 16 e 64 anos consumiam maconha, ante 2,6% da população em 2005. O consumo de cocaína também cresceu: 1,75%, entre as pessoas com 16 e 64 anos, em 2011, enquanto que em 2005 era 0,7% da população.
Infelizmente os dados não são todos do mesmo ano nem os grupos entrevistados são da mesma faixa etária. Os dados de cocaína, por exemplo, trazem números do Paraguai de 2003, enquanto que os do Brasil, Uruguai e Venezuela são de 2011. A faixa etária utilizada por Argentina, Colômbia, Peru e Equador é dos 12 aos 65 anos de idade. No Brasil, dos 16 aos 64 anos.
Mesmo com o forte crescimento no consumo de cocaína no Brasil, o Uruguai ainda é o maior consumidor do Mercosul, com 2,1% da população fazendo uso da droga.
O consumo de maconha caiu na Argentina (de 6,9 para 3,2) e no Chile (6,7 para 4,88), mas cresceu na Venezuela (0,85 para 1,66), na Colômbia (1,9 para 2,3) no Uruguai (5,6 para 8,3) e no Brasil (2,6 para 8,8), que assumiu a liderança no consumo da droga no Mercosul.
O total de drogas apreendidas em Fortaleza em janeiro e fevereiro de 2013 é 70,8% superior em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (27) pela SSPDS, foram 151,2 quilos de drogas apreendidas este ano ante 88,5 quilos nos dois primeiros meses de 2012. O gráfico abaixo discrimina o valor apreendido de cada droga e compara com o ano passado.
Esse valor destoante da maconha deve-se a uma ação policial realizada em 15 de fevereiro. Um casal foi preso com 112 quilos da droga. Ou seja, apenas essa apreensão representa 74% do total de drogas apreendidas no bimestre.
Quando comparamos os bairros com maior volume de droga apreendida no primeiro bimestre, percebemos que não há um padrão. Nenhum dos dez bairros com maiores apreensões em 2012 aparece entre os “dez mais” de 2013.
Mesmo quando detalhamos as apreensões por tipo de droga, poucas localidades aparecem mais de uma vez. Em 2013, Mondubim, Jangurussu/Conj. Palmeiras e Parque Santa Maria aparecem no top 5 de mais de uma categoria. Em 2012, por sua vez, nenhum bairro conseguiu a façanha.
Para fechar, um panorama do montante de drogas apreendidas por Regional. Enquanto não aprendo a colocar essa informação em um mapa, fica assim. Para visualizar melhor, veja o mapa os limites de cada Regional.
Mais de meia tonelada de drogas foram apreendidas em Fortaleza durante todo o ano passado. Mas, assim como no caso dos homicídios dolosos, não encontrei informação detalhada. Qual foi o entorpecente mais apreendido? Quanto do valor total foi confiscado no meu bairro? Há relação entre os locais mais violentos e os com maior apreensão de drogas?
Nos relatórios da SSPDS encontramos a quantidade de gramas apreendidas de cocaína, crack e maconha nos bairros. Por alguma razão que desconheço, nos seis primeiros meses Jangurussu e Conjunto Palmeiras são apontados como um só local. A partir de julho, todavia, são desmembrados. Na impossibilidade de saber quanto foi apreendido em cada um deles até junho, em todos os gráficos eles aparecem juntos. Mas antes de listar os bairros, vale pena fazer uma visão geral.
Qual o mês com o maior número de apreensões de drogas? Será que há uma discrepância no decorrer do ano? E se discriminar-mos as drogas, será que alguma teve um desempenho fora da curva? Clique na imagem para os infográficos.
Percebe-se que a maconha foi a droga mais confiscada. De fato, a planta representa mais de 70% das apreensões ano passado.
Em valores absolutos, os 10 bairros com mais entorpecentes apreendidos em 2012 foram, na ordem: Jangurussu/Conjunto Palmeiras, Messejana, Cidade dos Funcionários, Jacarecanga, Ellery, Castelão, Barra do Ceará, São João do Tauape, Barroso e Aeroporto.
Sete bairros não tiveram nenhuma apreensão no ano passado: Cambeba, Farias Brito, Gentilândia, Mata Galinha, Parque Iracema, Salinas e São Bento. 938,6 gramas foram confiscadas em localidades não identificadas. Clique na imagem para ver a lista completa com valor apreendido todos bairros.
Quando calculamos o número de apreensões de drogas por mil habitantes, o Castelão assume a liderança. Dunas, que aparecia em 23º em valores absolutos, sobe para o terceiro lugar. O Jangurussu/Conjunto Palmeiras, por sua vez, que era líder, cai para a 16º colocação. Não encontrei a população do Parque Santa Maria, que teve 55,5 gramas apreendidas ano passado.
Em valores absolutos, cinco dos 10 bairros com mais entorpecentes apreendidos em 2012 também estão na lista dos bairros mais violentos: Jangurussu/Conjunto Palmeiras, Messejana, Barra do Ceará e Barroso. Fiz um gráfico de dispersão mostrando a relação entre homícidios e a apreensão de drogas em cada bairro. Gentilândia, Salinas e São Bento não estão presentes porque não tiveram homicídios nem drogas apreendidas ano passado. Amadeu Furtado, Bairro de Lourdes, Bom Futuro, Coaçu, Guajerú, Parque Araxá, Parque Manibura e Parreão também estão de fora porque não tiveram homicídios. Por fim, nos bairros Cambeba, Farias Brito e Parque Iracema não teve apreensão de drogas, logo também não estão listados.
Outro infográfico de dispersão, agora mostrando a relação entre a apreensão de drogas e a renda de cada bairro. Não estão presentes os sete bairros que não tiveram nenhuma apreensão ano passado e o Parque Santa Maria.
Por fim, um resumão relacionando as apreensões de drogas e as regionais (mapa das regionais). Regional VI foi a que teve mais drogas apreendidas em 2012, concentrando 43% das apreensões.
Tal como fiz com os homicídios dolosos, essas são algumas leituras possíveis cruzando os números da SSPDS com dados do IBGE. As informações usadas neste post estão disponíveis para download ao clicar nas imagens.